sábado, 27 de março de 2010

O apagão global

O post reproduzido ao final, publicado no Nassif, resgata mais um dos recentes golpes do PIG. Além de tentarem de tudo para culpar Lula e a ex-Ministra de Engergia, Dilma, pelo apagão, tentaram comparar o problema técnico com o blackout do FHC, que foi por falta de produção, mesmo, pura incompetência que levou a oito meses de racionamento. Quem pagou na época foi o consumidor.
Aproveitei para resgatar um texto que escrevi para denunciar como a Globo montou um espetáculo sem-vergonha e que não deu certo. Comparem em seguida, no post do blog do Nassif, a entrevista dada por Dilma (na íntegra) com a edição espetaculosa do Bom Dia Brasil protagonizada com calhordismo pelo ex porta-voz do governo militar, Alexandre Garcia.

Na época escrevi para amigos por e-mail:

Só para sossegar os amigos que temem por novos apagões ou o final do mundo antes de 21/12/2012.


Seria cômico!
Após as 22:15 desta terça, sem luz, liguei o radinho do celular e fiquei ouvindo a CBN, para saber o que se passava. Antes das 23 já sabia que o apagão pegava Rio, Sampa e litoral paulista. Muitas informações óbvias vinham dos repórteres em repetidos “aqui as ruas estão completamente escuras”.
Jura?
Lá pelas tantas sabia-se que todas as turbinas de Itaipu pararam totalmente pelo sistema de emergência, o que indicava que algumas torres, sem poder transmitir, acionaram o sistema de segurança. Um professor engenheiro da Universidade de Brasília explicava que isso acontece para não haver sobrecarga no restante da transmissão, causando estragos maiores. Daí em diante cabe aos operadores fazer testes e ligar aos poucos as turbinas para descobrir a falha e superá-las. Os motivos podiam ser inúmeros.
Aí começou o circo. Encheram o especialista de pergunta para achar uma falha (política) que alimentasse o arsenal tucano: faltou energia, faltou investimento, falta usina, falta rede de transmissão???????????. Negativa após negativa, o especialista explicava a diferença do que aconteceu em 2001. Naquela época o Brasil produzia menos do que precisava. De lá para cá temos mais hidrelétricas e mais água, o suficiente (e de sobra), para nossas necessidades (e com sobra) e podendo acionar termoelétricas (poluentes) se a coisa um dia apertar. Quanto à transmissão, a rede foi toda interligada desde então de forma que se houver sobra no Sul, pode distribuir para o Norte e vice-versa. Geração, confere, transmissão, confere. Mesmo dito tudo isso, a “genial” musa do jornalismo global, a menina do Jô, Lúcia Hipólita, por telefone, filosofando o quanto somos dependentes da energia elétrica, disse que só aqui não se preparava para o verão onde se gasta mais energia. Culpava Lula por reduzir o IPI da linha branca. Ou seja, na opinião da leiga, a despeito do que dissera o especialista, o apagão se dera porque os pobres trocaram as geladeiras velhas por outras mais econômicas. Tenho uma geladeira aqui (bege) com mais de 20 anos e não sabia que estava sendo ecologicamente correto ao mantê-la. Uma Secretária (de saneamento ou sei lá do que) dizia de forma confusa que dava (ou não) para evitar o apagão em São Paulo e dizia para não se preocupar que aqui não ia faltar água, pois a SABESP tinha geradores para distribuir a água. Ok, entendemos essa parte.
A madrugada foi e eu dormi. Pela manhã, o desespero no “Bom Dia, Brasil” era maior. Disparam em outro Engenheiro e Professor. As mesmas perguntas e respostas. Só faltou perguntar: mas não dá pra culpar o Lula ou a Dilma, mesmo? Foi ridículo. O melhor que a Globo pôde conseguir foi a resposta: “Evitar? Há muitos especialistas no mundo estudando uma forma de resolver esse problema e prevenir essa situação” A solução seria informatizar e automatizar toda a rede elétrica, porém, uma tecnologia que pode ser feita, mas não está pronta. Já que os especialistas não respondem o que eles querem, chamem aquela tal Secretária, é, aquela, a do Serra. Mais bem preparada, disse leigamente, “poderia ser evitada, sim - o governador Serra (é claro) já fez um pedido ao Ministro para ... blá, blá, blá ... blá, blá, blá ... foi atendido, mas ainda não está pronto ... blá, blá, blá ... blá, blá, blá ... o Rio tem mais que São Paulo, que absurdo ... blá, blá, blá ... blá, blá, blá ... Os globais sossegaram. Não precisaram fazer perguntas porque ouviram o que queriam.
Após um dia de trabalho, CBN, hora do rush. Outro especialista reforçava as declarações do ministro, a estrutura é robusta, e os investimentos foram feitos. Ainda, exemplificou para o não conformado jornalista entender: um engenheiro faz um prédio para uma região onde se espera ventos de até 100 km/h. A probabilidade de um vento maior que isso em 100 ou 1000 anos é mínima, mas existe. Um dia, um vento de 200 por hora derruba o prédio. Pode-se culpar o Engenheiro? Claro que não. Encerrou o Engenheiro para a infelicidade global.
Depois do jogo, deixa dá uma olhadinha no Jornal da Globo, só por curiosidade. O quê? Em São Paulo faltou água de manhã? O cara da SABESP dizia que precisava de energia para distribuir água? Peraí ... Mas aquela mulher, é, aquela, a do Serra, ela não disse que ... Well...
Desistindo dos especialistas, o Jornal da Globo partiu para uma outra forma de cobertura. Primeiro fez um “pinga-fogo” com um representante Petista e o chiliquento e auto-intitulado lutador de Jiu-Jitsu, Artur Virgílio. Com aquelas caretas exageradas e branquelas ele gesticulava que a Dilma (Ministra da Casa Civil) deveria explicar o apagão, para ele e seus amiguinhos. Ignorou e andou para o argumento do adversário que inutilmente insistia que quem deveria vir explicar era o Ministro Lobão. A exemplo de Obama que não dá entrevista pra FOX, assumidamente Republicana, concordo com Paulo Henrique Amorim, pois, ninguém do governo deveria dar corda para esse povo da Globo. Debate com Artur Virgílio... fala sério, aí!
Seguindo o estilo Ali Kamel (Capo do Jornalismo Global), na sequência, eles fizeram contas dos prejuízos do apagão. Mostraram o padeiro, a vendedora, e as contas, 116 mi.
Depois foi interessante. Acho que eles perdem o controle do que as pessoas falam, às vezes. No link, com a repórter lá dos EUA, Cristiane Pelajo abriu aspas para citar o Ministro Lobão dizendo que lá nos States eles queriam fazer a interligação como é no Brasil, e sarcasticamente perguntou: e os americanos concordam com isso? Pois não é que eles queriam mesmo. Lá, sem o nosso poder de hidrelétricas, a distribuição é independente em grandes blocos. Obama pretende resolver o problema dos apagões lá que hoje é de 3 a cada 10 anos para 1 a cada 10 anos. Para isso, quer investir 6 bilhões de dólares pra criar uma rede computadorizada capaz de identificar e redistribuir a energia, ao identificar o problema automaticamente.
Ou seja, a resposta que a Globo queria: poderia ser evitado. Bastariam 6 Bilhões de Dólares, cerca de 50% a mais do previsto, para a construção da hidrelétrica de Belo Monte, prevista para entrar em operação em 2011, no rio Xingu, no Pará. Isso se tivéssemos aqui a mesma estrutura e suporte tecnológicos norte-americanos. Como não temos, o custo para “criar” essa tecnologia antiapagão, seria muito maior que os US$ 6 Bi. Talvez, quando tivermos o PIB dos EUA, evitaremos 3 apagões por década. Peralá... O último foi em 2001, e esse, sim, foi falta de investimento na era FHC.
Poupe-me, Globo e seus arautos de Serra 2010.
Se os desesperados insistirem em fazer comparações com FHC, concordo com Dilma, estamos pegando gosto por debater as comparações.
Tamanha é a palhaçada, que seria cômico, não fosse o poder massificante que a Globo sempre teve, desde a ditadura (aquela, dos militares). Temo a influência que essa papagaiada possa ter sobre os Homer Simpsons, a audiência do Jornal Nacional, segundo Willian Bonner. Se você se mantém informado somente pelas notícias do JN e não conhece o Homer, assista aos Simpsons, é bem divertido. Mas não se ofenda, foi o Bonner que disse.
Vejo o Brasil em um novo rumo, e o mundo em uma nova ordem. Se eles se consolidarem, essa imprensa sem vergonha não terá o mesmo espaço e poder. O problema é que ela se alimenta de nós. Ou não.
Para mais informações (técnicas), leia abaixo:


Apagões de 1999 e 2001 foram prenúncio de racionamento; para especialistas, não há crise de energia
11/11 - 13:48 - Rodrigo de Almeida, iG Rio
RIO DE JANEIRO - Dez anos separam o apagão da noite de terça-feira do traumático racionamento de energia, durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. Mas, apesar de racionamento e apagão serem completamente diferentes segundo os especialistas, o fantasma do racionamento voltou a ser lembrado. (Leia na íntegra)

Agora veja como a Folha (da ficha falsa de Dilma) e a Globo (do PNDH da censura) insistiram na palhaçada. Comparem os dois vídeo e vejam o show de edição.

27/03/2010 - 08:38
Apagão: como criar uma versão
Por daSilvaEdison

Então, para fechar a noite e começar o dia, vamos de apagão.
As folhas nos dão conta de que a ANEEL aplicou grossa multa em Furnas, penalidade ainda sujeita a recurso.
Na Folha vem assim:
Furnas é multada em R$ 54 milhões por apagão no país
No corpo da matéria:
“Inicialmente, o governo tentou sustentar a versão de que ninguém tinha culpa pelo blecaute, atribuindo o ocorrido inicialmente a um raio e, depois, a fortes chuvas que caíam na ocasião na região (divisa de Paraná com São Paulo). A falha no sistema de proteção, apontada pela fiscalização da agência reguladora, também havia sido descartada por várias autoridades do governo na área de energia.”
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u712374.shtml
Certamente a Folha não teve paciência para ouvir na época, e nem depois, a entrevista da Ministra Dilma:



Ou, quem sabe, a Folha tenha ficado com a versão deturpada divulgada pela Globo, em versão abalizada pelo Alexandre Garcia:



E é necessário reconhecer:
Compreender o palavreado da Ministra requer um pouco de boa vontade.
Mas quem pretende transmitir boa informação deveria se impor esse sacrifício.

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